segunda-feira, junho 27, 2005

O Lúcio é sabotagem



Grosso modo, podemos dividir em três grandes escolas o futebol mundial: a habilidosa e técnica escola brasileira, a raçuda e quase técnica escola sul-americana em geral (hoje restrita à Argentina) e a aplicada e desabilidosa escola européia. E, desde as últimas Copas, algumas sub-escolas vêm se firmando. Ainda no pré-primário, mas chamando atenção: a escola do futebol irresponsável africano (cujo grande representante vem sendo a Nigéria), e a dos vara-paus nórdicos, antes restrita a Suécia, Noruega e afins, agora engrossada pela Alemanha, que está numa transição entre a escola dos aplicados e desabilidosos e virando a mais forte dos vara-paus. Aliás, se eu fosse presidente da CBF, iria proibir que jogadores brasileiros fossem jogar na Alemanha até que eles reaprendessem minimamente o que é um passe e tivessem com o Beckenbauer umas aulinhas básicas tipo: “uma bola é redonda” ou “como chutar e enxergar ao mesmo tempo”. Daí que não achei muita vantagem nem o Brasil ganhar de 3 a 2 deles, nem aquela jogada do Robinho onde dois vara-paus trombaram dentro da área. Agora, vem a revanche contra Los Hermanos. Por mais que não se queira, um novo jogo contra eles tem ar de revanche. E aí, o perigo: se o Brasil ganhar, vem aquela sensação de que tudo está arrumado, que o Parreira não é teimoso, que o Émerson é gênio, que Ronaldinho “Cabelo Medonho” Gaúcho finalmente “desRivaldizou” e que Ronaldo não faz falta. Vamos botar as barbas de molho. A Copa das Confederações, que muita gente acha inútil, é utilíssima. Entre outras coisas, para percebermos que, se somos mesmo os melhores no papel e na bola, os vara-paus estão aí, mordendo nossos calcanhares e sabotando nossa seleção. Ou você acha que o Lúcio joga lá à toa?


Ponte Preta líder

Algumas colunas atrás eu disse pra ficarem de olho na Ponte Preta: lá está a Macaca na ponta da tabela. O Botafogo parece que perdeu mesmo o fôlego e vem descendo a ladeira. O Fluminense respira e barrou momentaneamente a subida do Corinthians, o Santos se segura entre os primeiros e O Cruzeiro vem mostrando não ter time pra chegar entre os cinco. O Inter, devagarzinho, vem chegando. O Brasileirão, repito, começa na décima rodada. Tudo pode mudar.


Copa do Brasil

A Copa do Brasil tem mostrado que o mapa do futebol brasileiro anda meio torto. Times da segunda divisão vêm obtendo bons resultados e sendo campeões em cima dos “grandes”, e muitos “grandes” mostram que tem time pra brigar, e olhe lá, pelo título da Segundona. Tem gente que acha isso um absurdo. Eu acho ótimo. Parabéns ao Paulista.

Robinho

Robinho ainda não é Robinho. Mas vai chegar. Para ele, a melhor coisa foi a Copa das Confederações. Vai chegar na Copa pronto para brilhar.


Libertadores

O “absurdo” Atlético Paranaense está quase lá. O São Paulo também. Não ia ser nada mal uma final entre os dois.


Sharapova

Quem aquele juiz acha que é para proibir a Sharapova de dar seus gritinhos e gemidinhos? O Clóvis Bornay?

Brasil x Argentina

Vai dar Brasil. Se não der, podem mandar e-mails. Mas deixem mamãe fora disso.

segunda-feira, junho 20, 2005

As chuteiras de volta, por favor.

Como todo mundo, tive algumas decepções nessa vida. Foi muito triste quando descobri que Papai Noel não passava de personagem de propaganda.
Foi triste descobrir que Garibaldo era só um boneco com alguém dentro, que não dava para ir de ônibus ao Sítio do Pica-Pau Amarelo e que meu talento de meia-esquerda só seria o suficiente para jornadas “memoráveis” na gloriosa Portuguesa, time de várzea dirigido pelo saudoso Rossi, em BH, onde tive um dos mais pífios retrospectos da história do futebol: uns 30 jogos, uma vitória de um a zero, dois empates e, de resto, só derrotas. Uma, inclusive, de 12 a 1. Com gol meu, vá lá, que cheguei a ser artilheiro do time. Grande vantagem. Dá para imaginar o resto do elenco. Mas uma decepção que ainda hoje me marca foi quando descobri que os Harlem Globetrotters, aquele time americano de basquete que vi, uma vez, fazendo malabarismos incríveis com a bola, jogavam contra um time que era contratado por eles. Quer dizer: eles são geniais, mas aquilo não era um jogo pra valer. Era um teatro. Um espetáculo que, na prática, não valia nada. Custei a entender: para mim aqueles jogadores incríveis estavam disputando algo e quebrando toda a lógica do esporte, ao inventar jogadas e humilhar os adversários com todo tipo de drible. Nunca me refiz. Lembrei disso porque li, em algum lugar, Robinho, Kaká e Ronaldinho Gaúcho sendo chamados de “Globetrotters”. Certo, não se pode duvidar da capacidade desses brilhantes jogadores. Mas não esqueçam de avisar aos outros times para darem uma ajuda. Não gosto de futebol feio. Gosto de dribles, de talento esparramado pela grama. Mas é preciso cuidado. Não se deve confundir bela exibição com exibicionismo. Falta um ano para a Copa. Dá tempo desse time, que pode ser brilhante, entender isso. Ainda. É só tirar as sapatilhas e voltar a calçar chuteiras.


Ronaldinho Gaúcho x Rivaldo

Rivaldo poderia ter sido um dos grandes craques da história da Seleção Brasileira. Quase foi. Mas era acometido de uma timidez inexplicável quando vestia a amarelinha. Ninguém entendia. Mesmo assim foi campeão em 2002, apesar de nunca ser, na Seleção, o que era no Barcelona. Ronaldinho Gaúcho, até hoje, fez um gol acidental contra Inglaterra em, 2002, e anda parecendo ter a mesma síndrome de Rivaldo. Será?


Copa do Brasil

Fluminense e Paulista devem fazer um bom jogo na final da Copa do Brasil. O estranhíssimo time de Jundiaí, com um certo Márcio Mossoró, se souber controlar os nervos, como tem feito até agora, tem tudo para ser campeão. O Flu de Abel parece ter subestimado o poder do adversário em Jundiaí e, agora, vai ter de correr atrás. Sinceramente? Imprevisível.


Brasileirão: Fogo baixo?


Botafogo ainda líder no Brasileiro, mas já dá mostras de cansaço. Assim como o Flu, parece não ter elenco suficiente para manter o ritmo até o final. Daqui para a frente, as coisas vão apertar. O Brasileirão começa de verdade na décima rodada.


Corinthians sobe-sobe

Eu avisei: o Corinthians vem aí. O time vem se acertando e tem tudo para brigar pelo título.


Atléticos

Vá entender o do Paraná, “invicto” de vitórias no Brasileiro... O de Minas, melancólico. De dar dó.


O “circo” da Fórmula 1...

Nunca essa expressão foi tão adequada quanto no último domingo...

segunda-feira, junho 06, 2005

Chega, Robinho!

Na Copa de 2002 eu dizia que a zaga do Brasil era formada por Moe, Larry e Curly, e que a Seleção jogava com três zagueiros para ver se, juntando os três, a gente conseguia ter pelo menos um de bom nível. Lúcio, Roque Júnior e Edmilson, e ainda um tal Anderson Polga, deram a sorte de jogar em uma época onde o Brasil produziu brilhantes jogadores do meio de campo pra frente, mas ao mesmo tempo gerou cabeças-de-bagre como há muito não se via, do meio de campo para trás. Esses três fazem parte de uma geração que consagrou o futebol como um esporte imprevisível: enquanto craques e semi-deuses da bola como Falcão, Zico, Leão, Toninho Cerezzo, Sócrates, Luizinho, Júnior, Leandro, Reinaldo, entre tantos, não conseguiram sequer chegar a uma final de Copa, Cafu jogou três finais e pode chegar à quarta, Emerson é titular absoluto de Parreira e Marcos, uma reedição esverdeada de Valdir Perez, foi campeão do mundo. O melhor do jogo contra o Paraguai não foi a razoável exibição do Brasil. Sim, razoável porque, convenhamos, o time do Paraguai é medíocre. O melhor do jogo foi a expulsão do Lúcio, o que nos livra, pelo menos por uma partida, do seu futebol tacanho, e nos permite ver um pouco de futebol de verdade com Juan, um jogador com muito do estilo tranqüilo do injustiçado Luizinho que, além de tudo, enterrou de vez a possibilidade de zagueiros com nomes no diminutivo a despeito do futebol jogado com letras maiúsculas. Outra coisa: as pedaladas de Robinho começam a enjoar. Me fazem lembrar do Denílson, aquele eterno futuro gênio que se consagrou na seleção pulando na lateral do campo fazendo aquecimento e que entrava faltando 20 minutos para o fim do jogo, conseguindo a unanimidade enquanto estava fora e a mediocridade absoluta enquanto estava dentro do campo. Ao invés da inútil “fica Robinho”, lanço a campanha “chega, Robinho”. Chega de pedaladas. Contra a Argentina, prefiro gol de bicicleta.

Ainda a zaga

É impressionante a crônica incapacidade dos zagueiros brasileiros em relação ás bolas altas na área. Parece um problema sem solução. Houve um tempo em que os goleiros brasileiros não sabiam sair do gol. Melhoraram. Será que um dia vai surgir um zagueiro que saiba jogar pelo alto?

Descansa logo, Ronaldo!

Que me perdoem alguns, mas o Ronaldo, o gordinho, é o dono absoluto da camisa 9 do Brasil. Não tem pra ninguém. A seleção é ele e mais 10. Ninguém é insubstituível uma ova. Impressiona a diferença dele para os demais atacantes. Se estiver muito gordo, usa uma cinta e entra em campo.

Cafu volta

Outro que parece não ter substituto é Cafu. Mesmo sem nunca ter aprendido a cruzar, não tem nenhum lateral (ou ala, como queiram) capaz de substituí-lo à altura. Cicinho e Belletti são seis e meia-dúzia, respectivamente.

Kaká

A pergunta que não quer calar: Kaká é um novo Raí? E-mails pra coluna, por favor.

O meu Brasil x Argentina

Foi o 0 x 0 na Copa de 78, onde ficamos com o título de Campeões Morais. E o seu?