segunda-feira, maio 09, 2005

A Era Passarella é Um Drama Shakespeareano

Dependendo do ponto de vista, o futebol pode ser de uma obviedade extrema ou de uma, como diria Nélson Rodrigues, complexidade shakespeareana. Para os arautos do obtuso, futebol é onze contra onze chutando uma esfera, com o objetivo de fazê-la passar por entre três paus, e cada vez que se consegue isso está feito um gol, e ganha uma partida quem fizer mais gols, e ganha um campeonato quem ganhar mais partidas. Ponto. Mas basta assistir com olhos de sonhador a um jogo de futebol, seja uma pelada de bairro ou uma final de Copa do Mundo, para ver que Nélson Rodrigues, de novo, marcou um gol de placa. Imagine, então, assistindo ao último Corinthians e São Paulo. A ira fantasiada de preto e branco, a alegria tremulando ao vento em faixas tricolores, a glória calçando luvas e subvertendo a ordem ao marcar um gol, a ganância deixando o estádio antes do fim do jogo escoltada por seguranças, o fracasso dando entrevistas abraçado à soberba e inexplicando o explicável, a dor enfrentando cassetetes: tudo, tudo estava dentro do Pacaembu, um estádio como todos os outros que, a cada jogo, se transforma em palco por onde desfilam as emoções humanas. Depois daquele jogo, impossível acreditar que Daniel Passarella vá mais longe no descomando do Corinthians. O Timão já vive a “já era” Passarella. Não dá para prever ainda se Passarella irá levar embaixo do braço, junto aos seus discos de tango, o fraquíssimo Sebá, zagueiro de terceira categoria. Talvez até Tevez, que, ele sim, tinha tudo para ser um ídolo inesquecível, se vá também. Mas Passarella irá. Está escrito nas estrelas. Pode ser antes ou depois da publicação desta coluna, já que o futebol tem razões que a própria razão desconhece. Mas coração de torcedor não se engana, e o coração dos corintianos já bate no ritmo do sofrimento, e o remédio para sofrimento de corintiano, hoje, é sangue de técnico argentino. E, afinal, todo bom drama shakespeareano termina com sangue. Mas, por favor, corintianos, que isso se mantenha em sentido figurado. Vocês são gaviões, mas não animais. De obtusidades o banco do Corinthians já está cheio.

Santos, Fluminense e Botafogo 100%

Todo mundo sabe o risco que é contar com o ovo antes que a galinha se disponha a evacuar os ovos. Mas, com três vitórias, já dá pra começar a acreditar que entre esses aí de cima estão, se não tiver nenhum cavalo paraguaio entre eles, pelo menos dois candidatos ao título. Mais do que os resultados, a forma como vêm jogando já os credencia. Mas, e sempre tem um mas, faltam 39 rodadas.

Ponte Preta, Coritiba, Goiás, Juventude e São Caetano

Convêm ficar de olho nesses aí, e mais na Ponte Preta, que é a quarta colocada. Pode surgir alguma surpresa. A Ponte vem invicta em três rodadas, o que não é pouco para quem todos julgavam fora da briga. Os outros, nada de impressionante. De qualquer forma, estão por ali.

São Paulo, Atlético MG, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo e Vasco

Se dependesse de nomes, estavam entre os primeiros da tabela. Se depender de time, uma remota possibilidade para o São Paulo. Se depender de milagre, aí, meu filho, tudo pode.

Brasiliense, Internacional, Paraná e Fortaleza

Com a bolinha que jogou contra o Flamengo, o Internacional mostra que de candidato a título ele não tem nada. Mas, como sempre digo, faltam 39 rodadas. O resto? Bem, deve ficar por ali, com um ou outro brigando para não cair.

Figueirense, Corinthians, Atlético PR e Paysandu

Se o Corinthians ressurgir das cinzas, pode subir bem. O resto, se conseguir uns pontinhos e conseguir não cair, tá bom demais. Fracos, fraquinhos, fraquíssimos.

Copa do Mundo de Futebol de Praia

Não me crucifiquem, mas acho enjoado. Acho malabarismo demais pra pouca emoção. Mas pode ser que eu não entenda desse treco. Brasil só perde para a soberba. E olhe lá.

Um comentário:

Arigatou disse...

Isso não tem nda a ver com drama Shakespeariano