segunda-feira, abril 25, 2005

Um abraço, meu peixe

Romário nunca foi Pelé. Nem Zico, nem Maradona, nem Garrincha. Romário sempre foi e sempre será, “apenas” (e isso não é pouco), Romário. Tolice compará-lo com quem quer que seja. Romário sempre foi diferente e acima da média dos da sua geração, e é assim que se mede seu valor. Língua-solta mesmo com a língua presa, sempre disse o que quis e ouviu o que não quis. Um tanto quanto mascarado, ou marrento, no Rio de Janeiro e adjacências, Romário sempre foi polêmico e polemista. E, principalmente, Romário sempre conseguiu ser o que dizia ser: craque de bola. Para quem gosta de futebol é ruim ver Romário se despedindo. Mesmo jogando, hoje, como quem chupa manga no quintal, parado, numa preguiça de fazer gosto, é sempre um espetáculo vê-lo dominando uma bola, lançando um companheiro ou, aqui e ali, fazendo gols. Não mais aqueles “gols de Romário”, é verdade, dignos não daquelas assinaturas ridículas que a Globo colocava após os gols da seleção e, sim, de placas comemorativas nos estádios mundo afora. Mas, ainda, gols de Romário. Os últimos gols de Romário são os últimos gols de um dos últimos craques “românticos” do futebol. Que, grande paradoxo, foi um dos primeiros a consolidar o marketing como décimo-segundo jogador de qualquer time. Dizem que essa despedida, amanhã, é uma bela homenagem. Não acho. Simplesmente por ter carregado nas costas a seleção bocejante de Parreira em 94 e ter trazido, senão sozinho, quase, essa Copa, Romário merecia mais do que uma despedida contra a Guatemala, jogando em uma seleção B do Brasil em jogo para a Rede Globo. Merecia Maracanã lotado, contra a Argentina, contra a Alemanha, com Ronaldos e outros craques de verdade em campo, de um lado e de outro. Talvez esse seja um jogo de simbolismos, de sinais: um deles de que o futebol vai ser cada vez mais um espetáculo que depende do marketing, onde interessa menos o talento de quem está em campo do que a cor da chuteira que é última moda em Madrid. Outro sinal é Romário sair e deixar Robinho em campo. Sinal de que o talento não morre: mesmo que queiram matá-lo, ele reaparece em algum lugar. Que este prevaleça. E um abraço, meu peixe.

Brasileirão: nenhum carioca deu vexame

Quando todo mundo esperava um vexame carioca logo na primeira rodada, boas surpresas. O Fluminense ganhou com autoridade do favorito São Paulo, o Botafogo encaçapou o Inter em jogo de times iguais, o Flamengo (tido como provável saco de pancadas do ano) conseguiu segurar o mediano Cruzeiro e até o Vasco, depois do vexame contra o Baraúnas, empatou com o perigoso Brasiliense. É bom lembrar que, apesar de tudo, isso não quer dizer nada: são 41 rodadas, e os cariocas têm, sim, times muito fracos. Bom começo. Mas é preciso mais para sonhar com alguma coisa.

Paulistas: só Santos justifica favoritismo

O destaque dos paulistas, fora a já esperada vitória do Santos, foi o bloqueio do jogador Betão, do Corinthians, que, depois do lance, já anda sendo observado por Bernardinho do vôlei. Dizem que é influência da argentinização do “Timón”. Tevez, aliás, fez belo gol, no empate decepcionante com o Juventude. O São Paulo tropeçou, com direito a meio-frango de Rogério Ceni. O Palmeiras nem venceu, nem perdeu, nem convenceu nem decepcionou: empate com o São Caetano, em jogo bem igual. E a Ponte Preta surpreendeu o Atlético Paranaense, em Curitiba, e merece atenção.

Cruzeiro não se esquece do Ipatinga

O Cruzeiro parece ainda abalado com a perda do Campeonato Mineiro: jogando pouco, não passou pelo fraco Flamengo. Pelo menos, foi fora de casa. O Atlético surpreendeu: sapecou 4 no Figueirense e começou líder. Fogo de palha ou competência? Mais 40 rodadas e a gente vê.

Favoritos à Segundona

Os favoritos à descida começaram justificando seu “desfavoritismo”: Paysandu, Fortaleza e Paraná, junto com o Figueirense, começam já precisando reagir. Mais duas desse jeito e o poço fica aberto.

Grêmio arranca para a Terceirona

Por falar em Segundona, e o Grêmio, hein? Já começou dando cotovelada e pedindo a lanterna. Candidato a descer de novo? Inveja do Fluminense? Já o Bahia promete brigar pela volta à Primeirona. Vamos ver no que vai dar.

Caramba, lá vem o alemão

Por mais que mudem o regulamento, não tem jeito: Schumacher é craque e ponto final. Pode até ser que Alonso e “le bleu” da Renault cheguem lá. Mas agora que o alemão tem linha direta com Deus via Bento XVI, quem vai segurá-lo?

Nenhum comentário: